Um dos desafios é pegar o feeling do Crônicas e passar isso pro leitor. Essa parte seria muito mais árdua se eu não tivesse acompanhado, indiretamente, o processo de escrita do cenário - já que quase todos os autores atuam comigo n'O Círculo. Também optei por narrar o conto em primeira pessoa, na visão da mau-humorada tecnomaga Morgal, tentando dar uma abordagem mais "humana" e menos impessoal.
Segue um trecho:
As Planícies do Crepúsculo eram uma amostra do que havia além delas. Como área de fronteira do Império Melkhar, possuia poucas vilas e muitos postos militares. Eventualmente uma aberração da Ferida ou morto-vivo da Muralha adentrava, causava estragos e tinha que ser caçado. No caminho vimos alguns camponeses com seus rebanhos de ovelhas e muitos destacamentos dos guardas, cujos comandantes nos olhavam ao longe cheios de insolência e desconfiança.
- Seus conterrâneos nos encaram como se fossemos piores que eles – Arshag quebrou o silêncio – mas ainda assim lhes devo algum agradecimento por toda essa parafernália que tantas vezes nos foi útil.
Falava aquilo com uma mistura de um amargura e senso de humor típico dos meio-orcs. Isso me fazia pensar que, de fato, a melhor coisa que nós melkharianos desenvolvemos foi a tecnomagia. Mas tanto brilhantismo nos custou a humildade, como eu acabei descobrindo nos primeiros anos que vivi
Ao fim do dia, chegamos ao Porto de Lirna, um grande aglomerado na exata divisão entre as planícies e a Ferida. Lirna era uma fortaleza avançada do Império Melkhar que ficava no local, destruída durante a último período de Escuridão. O lugar foi considerado agourento e abandonado pelos militares, que fizeram outra fortaleza a poucas léguas dali. Grupos de meio-orcs ocuparam as ruínas sob ameaças do Império, mas tão logo o lugar se tornou um grande ponto de caravanas eles foram deixados em paz.
Ele provavelmente vai sair em uma ou mais colunas na RedeRPG durante o mês de agosto, talvez antes.::Rafael Barbi